sábado, 24 de maio de 2008

INDIANA JONES E O REINO DA CAVEIRA DE CRISTAL

Steven Spielberg (Jurassic Park), George Lucas (Star Wars), Harrison Ford (Apocalypse Now) e tema musical de John Williams (trilha sonora da franquia “Superman”). O que mais poderíamos querer?
Dezenove anos após o último filme da estrondosa trilogia Indiana Jones, o arqueólogo mais conhecido do planeta retorna às telas cinematográficas reformulando sua série e aplicando novas visões ao conceito “aventura”. Inserindo novos elementos à já consagrada fórmula de sucesso, o diretor Steven Spielberg realça a atmosfera do longa, fazendo do mesmo, um espetáculo plausível para mentes de todas as idades.
Mesmo depois de anos engavetado nos estúdios da Paramount, é impossível não reconhecer Harrison Ford trajando seu inconfundível uniforme para a exploração de cavernas e tumbas há muito desabitadas. Tendo como complemento, obviamente, o clássico chapéu que raramente está em outro lugar a não ser sua cabeça.
Como já é de praxe na franquia, a época ambientada na trama é respeitada com alto vigor e seguida a risca pelos seus idealizadores. O ano dos acontecimentos é 1957, então a Guerra Fria é uma das bases por trás da história, fazendo com que seus elementos contribuam para excelentes seqüências e diálogos entre os protagonistas da fita.
É, também, o período em que os boatos e relatos de pessoas que afirmavam terem visto discos voadores estouraram nos mais variados cantos dos Estados Unidos. O que faz com que o roteiro gire em torno de um artefato alienígena - especificamente, o que dá o título ao longa: a caveira de cristal.
Logo no começo, temos uma noção básica de como a película irá se comportar nos 124 minutos de duração. Um grupo soviético - liderado por Irina Spalko (Cate Blanchett) - deseja o misterioso item para fazer uso de seus poderes sobre a raça humana, para isso, têm de contar com os conhecimentos do já envelhecido Indiana Jones. Obviamente, o arqueólogo recusa-se a ajudá-los, dando início a uma das melhores cenas de perseguição do filme, resultando em uma linda e insana explosão nuclear.
Após a fuga, Jones retorna ao que seria considerado sua ‘vida normal’: dar aula em uma universidade. Mas o professor logo recebe a notícia de que deverá deixar a escola devido a um problema envolvendo o FBI.
E é na mudança para outro estabelecimento que seu destino é completamente alterado, entra em seu caminho o jovem Mutt Williams (Shia LaBeouf). O garoto vai, a pedido de sua mãe - a já conhecida Marion Ravenwood (Karen Allen), par romântico do primeiro longa da franquia - procurar Indy para ajudá-lo na busca pelo desaparecido professor Oxley (John Hurt), um velho amigo do aventureiro. E este é só o começo da busca. O que, obviamente, não vai limitar-se a apenas isso.
O diretor Steven Spielberg prova, mais uma vez, seu grande conhecimento e aptidão pela arte de fazer filmes. O cineasta conduz majestosamente os seguimentos de ação e mostra que sabe como ninguém, o ângulo exato que uma câmera deve permanecer para que os expectadores tenham uma visão privilegiada da cena em questão; fazendo com que a película tenha um desenvolvimento diferenciado dos padrões naturais que estamos acostumados a ver nas produções dos dias atuais.
Spielberg vai além, faz da experiência adquirida ao longo de uma carreira de sucessos um dos pontos fortes de seu trabalho - o que, infelizmente, não vemos todos os dias nos profissionais hollywoodianos; vide os últimos longas do ator Nicolas Cage.
Como se a parceria entre Spielberg e Lucas por trás das câmeras já não fosse o suficiente para levar qualquer amante da sétima arte aos cinemas, a dupla formada pelos protagonistas da fita é quase tão fantástica quanto à de diretores.
Por um lado, temos a impecável atuação do já experiente Harrison Ford, o astro proporciona adrenalina ao espetáculo, dando um ar de conhecimento em suas palavras e gestos. É como se assistíssemos a um remake dos anos 80, podemos ver o ator pulando de carros em movimento, pendurando-se em seu chicote, disparando tiros e usando de arrogância em determinadas ocasiões. Mas, se o longo tempo encostado fez com que o personagem evoluísse, não podemos dizer o mesmo de seu ponto fraco: as cobras continuam sendo a kryptonita do arqueólogo; o que fica evidente em uma das várias cenas onde a comédia é explorada como o tema forte da película.
Do outro lado, o longa lança o mais novo companheiro nas aventuras de Jones: a jovem estrela Shia LaBeouf (Transformers). Com atuação digna de alto reconhecimento pela crítica mundial, o garoto mantém-se estável em todas as suas aparições, provando por que é considerado uma das maiores revelações do cinema nos últimos tempos.
Há de se comentar, também, a atuação da já veterana Karen Allen (Nunca Fui Amada). Para a alegria dos fãs, sua personagem está de volta à trama, ajudando Indy e o filho Mutt nas mais variadas fugas e lutas no decorrer do filme.
Por fim, temos o triste desempenho de Cate Blanchett (Não Estou Lá) como vilã da história; tornando-se assim, a ovelha negra da equipe de atuação. A atriz simplesmente não transmite o pavor necessário para um papel característico de vilão na narrativa de ‘mocinho e bandido’ que toma conta da atmosfera de toda a série Indiana Jones.
Os buracos são notáveis em grande parte do roteiro. Mas os mesmos são cobertos pelo entretenimento oferecido pelas mentes brilhantes por trás do projeto. Não se pode exigir realidade em um longa de um arqueólogo que se joga mundo afora em busca de artefatos místicos e cidades cobertas de ouro, tendo em mãos apenas um crânio de um ser totalmente desconhecido pela raça humana; como pôde ser visto neste último filme da franquia. E essa seja, talvez, a maior ‘arma’ da produção para com o público: a diversão de uma fita descompromissada que move famílias inteiras para o cinema com o único intuito de ver um longa-metragem em que a animação fala mais alto que qualquer erro de script.
Outro elemento que merece destaque é a fotografia da película. É gratificante, depois de quase duas décadas, rever apenas a silhueta de Jones contra a luz de fundo; mantendo o personagem de perfil para que seu chapéu fique em evidência nas imensas telas cinematográficas.
O grupo de efeitos-especiais faz sua parte. Não há nada de inovador, mas é magnífico ver o cogumelo da já citada explosão nuclear logo nos primeiros minutos do longa. Há alguns deslizes em determinadas cenas, mas estão longe de comprometer o trabalho final - de novo, diversão em primeiro lugar.
Enfim, eles conseguiram de novo! Proporcionaram um verdadeiro espetáculo que combina aventura, comédia, arrogância e boas atuações em um filme que, com certeza vale o preço do ingresso.

Nota: 9

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sexta-feira, 2 de maio de 2008

HOMEM DE FERRO

E está valendo! A temporada de Blockbusters tem início com o pé direito no ano de 2008. Depois de ter entregado grande parte das batalhas e surpresas em sua campanha, Homem de Ferro chega às telas cinematográficas trazendo muito mais do que um longa recheado de efeitos visuais e um roteiro infantil. O filme cativa e chama a atenção desde seu ótimo início com a música “Back in Black” do AC/DC até o término de seus créditos com “Iron Man” do Black Sabbath como tema de fundo.
Como era de se esperar, não é a melhor adaptação de um herói já feita para os cinemas. Mas está longe de ser a pior; pelo contrário, a película capta perfeitamente o universo de fantasias e impossibilidades de um ser que voa à base de uma armadura repleta de armamentos e tecnologias especiais.
O protagonista da fita é Tony Stark (Robert Downey Jr.), um rico e bem sucedido fabricante de armas americano. Stark leva a típica e polêmica vida de um verdadeiro playboy: tem uma mulher para cada dia da semana, está sempre aparecendo em capas de revistas e não se importa com mais nada a não ser ele mesmo.
Mas a biografia de sua vida começa a ser reescrita quando Tony é apanhado por um grupo de terroristas em uma visita ao Afeganistão. A fim de usá-lo para montagem de mísseis, a equipe - que se autodenomina “10 Anéis” - utilizou de armamento pesado em sua captura, fazendo com que Stark ficasse gravemente ferido. Agora, o rico e poderoso homem se mantém vivo graças a transistores e energia implantados em seu peito, meio que substituindo e aumentando a potência de seu coração.
Mantido em cativeiro por meses, o futuro herói começa a construir sua origem - literalmente. Em meio a muito ferro e ciências aplicadas, Tony visualiza um meio de escapar do lugar onde é mantido prisioneiro. É aí que sua primeira armadura, a Mark 1, ganha vida.
Após vários tiros, explosões e um desastroso vôo com uma péssima aterrissagem, Stark regressa aos Estados Unidos com novos ideais em mente. Fechar a fábrica foi uma das primeiras ações de sua nova vida. A segunda, era construir um novo e melhorado protótipo de sua vestimenta, nasce então, a Mark 2.
Isso seria apenas o ‘começo do resto da vida’ de Tony Stark. Pois o filme apresenta mais elementos do que se era esperado pelo público que acompanhou as divulgações de suas fotos e trailers. Créditos ao roteirista Arthur Marcum que soube como tratar a história da maneira como deveria, um gibi adaptado para as gigantescas telas de cinema.
Jon Favreau (Zathura - Uma Aventura Espacial) realmente soube o que fazer com um megafone na mão e uma cadeira de diretor para sentar-se. Alternando entre círculos de ação desenfreada e piadas aproveitadoras, o longa é guiado por uma mente que soube respeitar o universo característico de um super-herói e seus complicados processos de origem e conquistas.
O filme não é um gênero de comédia, mas não é por isso que não temos elementos característicos nas mais variadas cenas. Tony Stark solta piadas nos mais inesperados e inoportunos momentos. E o que poderia ser uma baixa para a nota final da fita, transforma-se em um de seus maiores acertos. Pois são raras as produções que conseguem desenvolver um trabalho realmente sério baseando-se em uma HQ; fracassos como “Elektra” e “Motoqueiro Fantasma” estão aí para mostrar a todos como um filme não deve ser produzido.
A presença de Robert Downey Jr. (Zodíaco) no papel principal foi indispensável para a realização de um excelente trabalho final. O ator esteve impecável em todos os 126 minutos de exibição do longa-metragem. Não há uma cena que não seja roubada pela sua dedicada e sensacional atuação. O astro soube interpretar as mais variadas faces de Tony Stark no longa: o grande empresário construtor de armas, o egocêntrico e metido playboy, o inteligente e respeitado cientista e o inexperiente e poderoso herói.
Também há de se destacar as atuações de Jeff Bridges (Alma de Herói) e Gwyneth Paltrow (Capitão Sky e o Mundo de Amanhã), respectivamente o vilão Monte de Ferro e o par romântico de Stark no filme. Mas seus desempenhos tornam-se secundários tendo Downey Jr. na mesma equipe.
Os efeitos especiais nem sempre cumprem o que deveriam. Em certos momentos, o CGI usado na construção do Homem de Ferro é facilmente notado pelo público pagante; deixando a impressão de que o herói está dentro de um vídeo-game com gráficos de última geração ao invés de uma verdadeira batalha no mundo real.
As cenas de vôo não deixam de ser bem finalizadas e lindas de se admirar. Mas há, em “Superman Returns”, exemplos mais sólidos de como um homem pode varar os céus sem parecer falso.
O longa é o pontapé inicial da Marvel como produtora de seus filmes. A maioral dos quadrinhos tem o seu próprio estúdio de agora em diante - obviamente, com o nome de “Marvel Studios”. O que, sem dúvida alguma, trará grandes e excelentes adaptações para os fãs do gênero.
Ou seja, “Homem de Ferro” certamente será o primeiro de muitos. Só nos resta torcer para que o nível das próximas películas seja, ao menos, mantido.

Nota: 8

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