sábado, 1 de maio de 2010

ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

O casal parecia perfeito, era Tim Burton e um conto totalmente psicodélico envolvendo loucura e personagens caricatos. O tom sombrio que o diretor costuma usar em seus filmes poderia ser a cereja no topo do grande bolo que a película poderia se tornar. Infelizmente, o confeiteiro usou glacê demais e esqueceu completamente do recheio, deixando o mesmo sem gosto e fazendo com que a sobremesa perca seu encanto.
Grande parte da população conhece a pequena menina Alice da adaptação animada de 1951. Lá uma criança, em uma bela tarde, avista um coelho branco - usando um terno - e decide segui-lo. Ao entrar pelo mesmo buraco que o animal, Alice vai parar em mundo incrivelmente alternativo ao nosso.
O que muitos não sabem é que o desenho de Walt Disney nada mais é do que uma versão infantil de um conto literário de Lewis Carroll. A história do livro não tem o mesmo clima pomposo de suas transições cinematográficas; a lógica do mesmo é usar a fábula para mostrar um mundo dos sonhos na cabeça de uma menina que dá claros sinais de esquizofrenia. Cada personagem carrega um enorme significado, do perturbador Gato de Cheshire - que faz alusões e reflexões filosóficas a cada diálogo - ao Chapeleiro Louco , afinal a expressão "louco como um chapeleiro" não surgiu simplesmente por acaso.
Mas chega o ano de 2010 e, com ele, uma nova versão da história aparece em cartazes no mundo todo. Dessa vez temos uma continuação da aventura vivida por Alice quando a mesma tinha 6 anos. O dia passado na País das Maravilhas é tido como um sonho para a menina, que já tem 19 anos e está prestes a ser pedida em casamento. Mas, no meio da festa, o coelho branco dá as caras novamente, levando a moça para o que um dia foi um lugar maluco, porém alegre. Mas, no lugar disso, é encontrado um mundo sombrio e devastado pelo reinado da Rainha de Copas (Helena Bonham Carter).
O motivo de sua volta é explicado assim que Alice reencontra os tradicionais habitantes daquele universo. A menina é a única que pode derrubar a atual Rainha de seu trono e devolver o governo para a dócil Rainha Branca (Anne Hathaway), mas para isso deve matar o monstro de nome Jabberwocky - mostrando que Tim Burton se baseou tanto em "Alice no País das Maravilhas" como em "Alice Através do Espelho e o que Ela Encontrou por lá", pois Jabberwocky só aparecia nessa continuação do livro original.
Talvez o principal erro do diretor tenha sido a escolha de produzir uma continuação, e não adaptar a obra principal. Presumindo que todos já conhecem seus personagens, Burton apenas os joga na tela e deixa tudo fluir naturalmente, o que não causa uma boa impressão; pois nem mesmo a reação de Alice (Mia Wasikowska) ao ver cada um é de surpresa - considerando que sua aventura anterior não passou de um mero sonho, um susto da personagem até que seria bem vindo.
É como se o filme seguisse uma linha reta e já programada para um final esperado desde os 10 minutos iniciais. Não há uma reviravolta nem nada do tipo, não existe um momento que faça com que a película "perca a sua máscara", é aquilo e somente aquilo até o final. A má direção mostra-se evidente quando incríveis criaturas perdem o brilho na tela, é o caso da Lagarta, que, está extremamente fiel visualmente, mas peca em sua função, sendo apenas um coadjuvante nulo ao decorrer da fita.
O toque visual de Tim Burton é mais do que explícito, todos os maravilhosos e detalhados ambientes do País das Maravilhas estão estampados em alta resolução nas telas. Mas a pouca exploração dos mesmos por parte da protagonista acaba por diminuir seu glamour, transformando o ótimo trabalho da equipe de fotografia e efeitos-especiais em um plano de fundo no decorrer dos 100 minutos de projeção.
A atuação da desconhecida Mia Wasikowska é de mediana para fraca. A atriz passa as mesmas emoções de um androide, fazendo com que sua personagem decorra o filme todo desligada do mundo. Muitos criticam Keanu Reeves (Velocidade Máxima, Matrix) pela falta de expressão que o ator demonstra em seus projetos; parece que Tim Burton acaba de lançar uma versão feminina - e piorada - do eterno Neo.
Jhonny Depp (trilogia Piratas do Caribe, Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet) encarna um ótimo Chapeleiro Louco. A insanidade do personagem é transportada com devida fidelidade para o cinema, há ainda um excelente toque de drama - devido à situação atual da vida do personagem - inserido pelo ator.
Nos tempos atuais, ninguém melhor que Depp para colocar este tipo de figura em uma produção live-action. Mas há sempre um porém, até quando o anti-hollywoodiano intérprete irá se esconder atrás de atuações caricatas que usam maquiagem em excesso para esconder seu rosto? O Chapeleiro é incontestável dentro do universo proposto pelo longa, mas também é o pirata Jack Sparrow, o Willy Wonka da nova versão de "A Fantástica Fábrica de Chocolate" e muitos outros papéis encarnados pelo ator. São sempre as mesmas expressões faciais, o mesmo caminhar e o mesmo gesto afeminado com os braços. Talvez já tenha passado da hora de Depp investir em escolhas mais sérias, como o criminoso John Dillinger do ótimo "Inimigos Públicos", onde o ator realmente mostra a sua capacidade em interpretar um ser humano "normal".
A pobre Anne Hathaway (O Diário da Princesa, Agente 86)
está irreconhecível como Rainha Branca. Sua atuação é inexplicável ao ponto de seus movimentos parecerem mais artificiais do que uma peça dramática da pior categoria. A atriz parece se perder em suas falas durante um diálogo mais elaborado; ou, usando outras palavras para resumir sua performance, parece que há sempre alguém segurando o roteiro atrás das câmeras e Hathaway só tem o trabalho de ler.
A trilha sonora de Danny Elfman, velho companheiro de Burton, cumpre seu papel; sempre usando seus tons mais fortes seguidos por uma pequena faixa mais afinada, contracenando perfeitamente com os momentos de ação ou drama. Pena que não passa de mais um ponto cego no meio de tantas atrocidades cometidas a uma excelente obra.
Ao final da sessão, "Alice no País das Maravilhas" deixa uma péssima impressão ao cinema mundial. Pois, pior do que acompanhar um filme desconhecido que sai do nada e chega a lugar nenhum, é assistir a uma grande oportunidade sendo jogada ladeira abaixo por causa dos caprichos de um diretor que insiste em fazer de todos os seus projetos uma produção gótica e psicodélica, mas esquece de trabalhar melhor em seu conteúdo, fazendo de tudo uma grande massa de chatice e melodrama que deixariam até mesmo a Lebre de Março com sono.

Nota: 5

Clique aqui e leia a crítica completa...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Que os créditos parem de rolar...

Novidades em breve...

Clique aqui e leia a crítica completa...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

SUPER-HERÓIS - A LIGA DA INJUSTIÇA

Mais um... até quando Hollywood produzirá comédias de nível precário a fim de entreter e divertir o público pagante? O que, imediatamente, nos leva a mais uma pergunta: até quando iremos sofrer?
Como se o nível de desrespeito ao espectador já não fosse o suficiente em sua difamada versão original, a produção brasileira que cuida da tradução dos títulos das películas simplesmente alterou o verdadeiro nome do filme em sua transição para o português - tudo bem que esta ação já se tornou comum em nosso país, mas desta vez a linha do exagero foi cruzada e deixada anos-luz para trás. No inglês, “Disaster Movie” (algo como “Filme de Catástrofe”, título que combina perfeitamente com a atuação, roteiro, direção, fotografia e demais categorias a serem analisadas na fita) passou a chamar “Super-Heróis - A Liga da Injustiça”. Fica clara a intenção de pegar carona no sucesso do também deplorável “Super-Herói: O Filme”, já que as supostas histórias dos longas não têm ligação alguma entre si.
Este seria o momento em que a sinopse contando a premissa do filme ocuparia alguns parágrafos. Mas simplesmente não há o que ser contado com relação à história temática principal, tudo o que precisamos saber é que o protagonista Will (Matt Lanter) tem um sonho, nele o garoto descobre que precisa devolver uma caveira de cristal ao seu lugar de origem, um altar. Caso isto não ocorra, será o fim de toda a humanidade.
Para ser mais exato, não há história alguma a se contar. A suposta sinopse não passa de uma desculpa para que várias cenas parodiando películas de grande sucesso mundial sejam amontoadas em um rolo de filme de 90 minutos. Se em uma cena os protagonistas correm de meteoritos, na seguinte os mesmos estão fugindo da versão fantoche de “Alvin e os Esquilos”, para, na próxima, estarem falando com um Batman que lamenta ter escolhido o dia para fazer compras.
O desrespeito chega a ser tanto que, pela primeira vez em uma fita do gênero, os produtores optaram por falar o nome dos filmes parodiados. Como se o público fosse ignorante o suficiente para não reconhecer a silhueta de um homem com chapéu que representa o Indiana Jones, ou até mesmo um ser humano que se transforma em um monstro verde ao ficar nervoso. Sendo assim, segue o raciocínio: Ou intenção inicial era fazer com que as pessoas que não tenham visto algum dos longas originais não ficassem perdidos na hora de alguma piada - o que não faz sentido algum, pois tudo ali tem sua linha inicial nas fitas que serviram de base - ou a caracterização ficou tão ruim que os produtores optaram por colocar esse artifício para que alguém entenda qual é o assunto parodiado no momento.
Enfim, não há direção, tudo acontece por acontecer.
Não há atuação, apenas algumas pessoas correndo em sets mal reproduzidos.
Não há roteiro, e sim um bando de cenas que, juntas, tentam formar um enredo.
Não há fotografia, ou é tudo muito colorido ou tudo muito escuro.
Não há efeito especial, apenas isopores e fantoches.
É, sem dúvida alguma, um dos maiores desrespeitos que Hollywood já teve para com o mundo. Se não houver um boicote contra esses temas pastelões, em pouco tempo a indústria cinematográfica será o mais novo manicômio no planeta - Steven Spielberg que o diga...

Nota: 0

Clique aqui e leia a crítica completa...

sexta-feira, 18 de julho de 2008

BATMAN O CAVALEIRO DAS TREVAS

Antes de começar, apaguem de suas mentes quaisquer conceitos relacionados às adaptações de HQs para os cinemas, eles certamente não se encaixam no mais novo longa do Cavaleiro das Trevas. Pois o mesmo está longe de ser ‘apenas mais um’ filme de herói que chega às telas com intuito de agradar as crianças e famílias do mundo.
Seria impossível falar de “Batman - O Cavaleiro das Trevas” sem mencionar a exemplar campanha viral realizada pela produção nos meses de expectativa que antecederam a estréia da película. Foram horas, dias e até mesmo semanas para que cada ‘brincadeira’ do mestre Coringa (Heath Ledger) fosse desvendada. E, a cada solução encontrada, uma nova incógnita caia na rede. Fãs passaram noites acordados realizando atividades que iam de bater fotos de determinados lugares, até correr desesperadamente por avenidas sendo guiados apenas por dicas liberadas pela Warner (esse último envolveu o mundo todo, incluindo o Brasil). Tudo isso para que uma nova imagem ou vídeo fosse liberado. E esse é só o primeiro exemplo a ser seguido...
Outro grande trunfo do projeto foi a determinação em não mostrar absolutamente nada comprometedor durante sua campanha. Mesmo lendo todos os textos, vendo todas as imagens e assistindo a todos os trailers e comerciais de TV é impossível saber mais do que 30% da verdadeira história que envolve o filme.
Imagine o clima e o ambiente concebidos em “Batman Begins”. Agora pense nisso expandido inúmeras vezes: o resultado é uma atmosfera absolutamente nova.
A dinâmica agora é o drama que cerca a vida de Bruce Wayne (Christian Bale); sair vestido de morcego para limpar a cidade durante a noite já não é uma tarefa tão fácil. E isso começa a afetar mais ainda sua vida pessoal, chegando ao ápice de sua decadência nas trevas. O garoto rico que perdeu os pais quando ainda era criança parece não existir mais, nem um vestígio do homem que um dia foi Bruce Wayne é notado. O que vemos ali é uma pessoa dedicada a combater o crime a qualquer custo, ignorando até mesmo seus próprios limites.
E quando o promotor público Harvey Dent (Aaron Eckhart) começa a ganhar moral com as pessoas boas da cidade, Bruce vê uma chance de enterrar de vez seus dias como vigilante; deixando o heroísmo para uma pessoa de confiança como Dent. Denominado o “cavaleiro branco” de Gotham, Harvey faz o tipo incorruptível que sonha em dias melhores para a grande metrópole. Mas como nada é perfeito, as qualidades do mocinho não encantaram apenas o lado social e político da cidade, mas também o coração de Rachel Dawes (Maggie Gyllenhaal), o amor da vida de Bruce Wayne.
E as coisas estão realmente longe de serem perfeitas, como foi dito ao final do primeiro longa: a escalada do crime tende a crescer com as aparições de um homem carregado com equipamentos de alta tecnologia e dirigindo um tanque. E a resposta para equilibrar as coisas está em uma pessoa que simplesmente não segue nenhuma regra específica: um psicopata maquiado de palhaço conhecido como Coringa.
O diretor Christopher Nolan (O Grande Truque) fez o que parecia ser impossível: superar as expectativas de todos com relação a esta seqüência. Desde o início, Nolan optou por trilhar os caminhos da realidade, dando um motivo plausível para todos os acontecimentos da película. Eis que sua opção caiu como uma luva no universo do Homem-Morcego; sucesso que certamente se repete no segundo filme. Não há o que reclamar de sua direção, fez exatamente o que deveria ser feito. Até algumas críticas feitas a “Batman Begins” - como as lutas desfocadas - foram atendidas, corrigindo seus antigos erros e melhorando ainda mais o projeto.
Normalmente, a performance do ator principal é a primeira a ser comentada nas críticas cinematográficas. Mas neste caso, devemos “quebrar as regras” e falar do coadjuvante que dá o tom exato que o filme necessita: Heath Ledger (encontrado morto em um apartamento por overdose acidental de remédios em 22 de janeiro deste ano). Ledger vai além de interpretar um simples vilão que adora explodir coisas e intimidar o herói do filme com diversos tipos de ameaças, o ator incorpora o verdadeiro espírito do Coringa e faz um trabalho mais do que marcante. Detalhes básicos como passar a língua toda hora nas cicatrizes em seu rosto representando uma espécie de cacoete - vide os próprios costumes humanos ao perceber um pequeno machucado dentro ou fora da boca - até o de mudar completamente sua voz para dar vida ao personagem fazem de Ledger o ator de destaque maior destaque dessa nova saga do Cavaleiro das Trevas nos cinemas.
Mas não é por isso que Christian Bale (O Sobrevivente) manteve-se apagado durante os 152 minutos de exibição. O astro também deu show interpretando um Bruce Wayne melancólico e desmotivado em determinadas ocasiões e um Batman completamente revigorado e cruel quando era preciso. Mesmo sendo a primeira vez que o ator trabalha em uma seqüência, nota-se o empenho a dedicação do mesmo para com a produção. Bale faz questão de passar a sensação de um homem completamente desmotivado pela vida que leva, carregando o ambiente com um ar de tristeza, onde o drama fala mais alto.
Outro destaque, Aaron Eckhart (Sem Reservas) passa de um simples ator acostumado com pequenos planos a uma grande surpresa no maior filme do ano. Interpretando com extrema qualidade o mocinho cuidadoso e gentil, Eckhat nos proporciona uma das mais agradáveis atuações do longa. Mostrando como um homem pode ter seus valores alterados em um curto espaço de tempo, fazendo com que a porta para o caminho das trevas se abra bem na sua frente. Não é segredo pra ninguém que Harvey Dent viria a se tornar o vilão Duas-Caras no decorrer da fita, mas o surpreendente modo como isto é mostrado ao publico pagante é mais um dos motivos para agradecermos a Christopher Nolan e também a Aaron.
Desta vez tendo tanto destaque como os demais protagonistas citados acima, Jim Gordon (Gary Oldman) é mais do que fundamental nos momentos chave do roteiro. E, como não poderia deixar de ser, Oldman (Harry Potter e a Ordem da Fênix) não deixa nada a desejar; fazendo de seu personagem um policial beirando as raízes do descontrole.
Até mesmo Rachel Dawes - que em “Batman Begins” havia sido interpretada pela superficial e despreparada Katie Holmes - tem um papel mais importante no roteiro, amarrando mais ainda a trama. E a troca de atrizes foi uma das melhores decisões tomada pela produção, Maggie Gyllenhaal (As Torres Gêmeas) deu uma nova personalidade à personagem, fazendo com que a atuação sem sal de sua antecessora caia no esquecimento.
Michael Caine (Filhos da Esperança) retorna ao papel do sempre fiel mordomo de Bruce Wayne: Alfred. Morgan Freeman (A Soma de Todos os Medos) também retoma seu personagem em “Batman Begins”. E nem é preciso falar que os dois ganhadores de Oscar roubam todas as cenas em que participam.
Como se tudo isso já não fosse o suficiente, o roteiro do longa é um dos mais impecáveis já apresentados. Palmas mais uma vez a Christopher Nolan que o assina junto de seu irmão Jonathan. É como se cada elemento fosse jogado com extremo cuidado na tela para que não houvesse uma sobrecarga por parte da história, deixando a película extensa e complexa demais. Mesmo os detalhes que normalmente passam a impressão de falha ou buraco na trama são preenchidos com extrema qualidade.
Ou seja, “Batman - O Cavaleiro das Trevas” está longe de ser um simples filme de herói; muito pelo contrário, foge totalmente ao gênero. Torçamos para que as próximas produções sigam o exemplo e encarem com mais seriedade as adaptações de quadrinhos que tanto rendem aos estúdios Hollywoodianos. Pois fica aqui uma verdadeira aula de como se faz um filme policial/dramático - ou como quiser, a película pode ser encaixada em diversas espécies.
Parabéns a Christopher Nolan e toda a sua equipe de atores e produtores, vocês deram vida a um divisor de águas nos mais variados quesitos da indústria cinematográfica.

Nota: 10.

Clique aqui e leia a crítica completa...

sábado, 24 de maio de 2008

INDIANA JONES E O REINO DA CAVEIRA DE CRISTAL

Steven Spielberg (Jurassic Park), George Lucas (Star Wars), Harrison Ford (Apocalypse Now) e tema musical de John Williams (trilha sonora da franquia “Superman”). O que mais poderíamos querer?
Dezenove anos após o último filme da estrondosa trilogia Indiana Jones, o arqueólogo mais conhecido do planeta retorna às telas cinematográficas reformulando sua série e aplicando novas visões ao conceito “aventura”. Inserindo novos elementos à já consagrada fórmula de sucesso, o diretor Steven Spielberg realça a atmosfera do longa, fazendo do mesmo, um espetáculo plausível para mentes de todas as idades.
Mesmo depois de anos engavetado nos estúdios da Paramount, é impossível não reconhecer Harrison Ford trajando seu inconfundível uniforme para a exploração de cavernas e tumbas há muito desabitadas. Tendo como complemento, obviamente, o clássico chapéu que raramente está em outro lugar a não ser sua cabeça.
Como já é de praxe na franquia, a época ambientada na trama é respeitada com alto vigor e seguida a risca pelos seus idealizadores. O ano dos acontecimentos é 1957, então a Guerra Fria é uma das bases por trás da história, fazendo com que seus elementos contribuam para excelentes seqüências e diálogos entre os protagonistas da fita.
É, também, o período em que os boatos e relatos de pessoas que afirmavam terem visto discos voadores estouraram nos mais variados cantos dos Estados Unidos. O que faz com que o roteiro gire em torno de um artefato alienígena - especificamente, o que dá o título ao longa: a caveira de cristal.
Logo no começo, temos uma noção básica de como a película irá se comportar nos 124 minutos de duração. Um grupo soviético - liderado por Irina Spalko (Cate Blanchett) - deseja o misterioso item para fazer uso de seus poderes sobre a raça humana, para isso, têm de contar com os conhecimentos do já envelhecido Indiana Jones. Obviamente, o arqueólogo recusa-se a ajudá-los, dando início a uma das melhores cenas de perseguição do filme, resultando em uma linda e insana explosão nuclear.
Após a fuga, Jones retorna ao que seria considerado sua ‘vida normal’: dar aula em uma universidade. Mas o professor logo recebe a notícia de que deverá deixar a escola devido a um problema envolvendo o FBI.
E é na mudança para outro estabelecimento que seu destino é completamente alterado, entra em seu caminho o jovem Mutt Williams (Shia LaBeouf). O garoto vai, a pedido de sua mãe - a já conhecida Marion Ravenwood (Karen Allen), par romântico do primeiro longa da franquia - procurar Indy para ajudá-lo na busca pelo desaparecido professor Oxley (John Hurt), um velho amigo do aventureiro. E este é só o começo da busca. O que, obviamente, não vai limitar-se a apenas isso.
O diretor Steven Spielberg prova, mais uma vez, seu grande conhecimento e aptidão pela arte de fazer filmes. O cineasta conduz majestosamente os seguimentos de ação e mostra que sabe como ninguém, o ângulo exato que uma câmera deve permanecer para que os expectadores tenham uma visão privilegiada da cena em questão; fazendo com que a película tenha um desenvolvimento diferenciado dos padrões naturais que estamos acostumados a ver nas produções dos dias atuais.
Spielberg vai além, faz da experiência adquirida ao longo de uma carreira de sucessos um dos pontos fortes de seu trabalho - o que, infelizmente, não vemos todos os dias nos profissionais hollywoodianos; vide os últimos longas do ator Nicolas Cage.
Como se a parceria entre Spielberg e Lucas por trás das câmeras já não fosse o suficiente para levar qualquer amante da sétima arte aos cinemas, a dupla formada pelos protagonistas da fita é quase tão fantástica quanto à de diretores.
Por um lado, temos a impecável atuação do já experiente Harrison Ford, o astro proporciona adrenalina ao espetáculo, dando um ar de conhecimento em suas palavras e gestos. É como se assistíssemos a um remake dos anos 80, podemos ver o ator pulando de carros em movimento, pendurando-se em seu chicote, disparando tiros e usando de arrogância em determinadas ocasiões. Mas, se o longo tempo encostado fez com que o personagem evoluísse, não podemos dizer o mesmo de seu ponto fraco: as cobras continuam sendo a kryptonita do arqueólogo; o que fica evidente em uma das várias cenas onde a comédia é explorada como o tema forte da película.
Do outro lado, o longa lança o mais novo companheiro nas aventuras de Jones: a jovem estrela Shia LaBeouf (Transformers). Com atuação digna de alto reconhecimento pela crítica mundial, o garoto mantém-se estável em todas as suas aparições, provando por que é considerado uma das maiores revelações do cinema nos últimos tempos.
Há de se comentar, também, a atuação da já veterana Karen Allen (Nunca Fui Amada). Para a alegria dos fãs, sua personagem está de volta à trama, ajudando Indy e o filho Mutt nas mais variadas fugas e lutas no decorrer do filme.
Por fim, temos o triste desempenho de Cate Blanchett (Não Estou Lá) como vilã da história; tornando-se assim, a ovelha negra da equipe de atuação. A atriz simplesmente não transmite o pavor necessário para um papel característico de vilão na narrativa de ‘mocinho e bandido’ que toma conta da atmosfera de toda a série Indiana Jones.
Os buracos são notáveis em grande parte do roteiro. Mas os mesmos são cobertos pelo entretenimento oferecido pelas mentes brilhantes por trás do projeto. Não se pode exigir realidade em um longa de um arqueólogo que se joga mundo afora em busca de artefatos místicos e cidades cobertas de ouro, tendo em mãos apenas um crânio de um ser totalmente desconhecido pela raça humana; como pôde ser visto neste último filme da franquia. E essa seja, talvez, a maior ‘arma’ da produção para com o público: a diversão de uma fita descompromissada que move famílias inteiras para o cinema com o único intuito de ver um longa-metragem em que a animação fala mais alto que qualquer erro de script.
Outro elemento que merece destaque é a fotografia da película. É gratificante, depois de quase duas décadas, rever apenas a silhueta de Jones contra a luz de fundo; mantendo o personagem de perfil para que seu chapéu fique em evidência nas imensas telas cinematográficas.
O grupo de efeitos-especiais faz sua parte. Não há nada de inovador, mas é magnífico ver o cogumelo da já citada explosão nuclear logo nos primeiros minutos do longa. Há alguns deslizes em determinadas cenas, mas estão longe de comprometer o trabalho final - de novo, diversão em primeiro lugar.
Enfim, eles conseguiram de novo! Proporcionaram um verdadeiro espetáculo que combina aventura, comédia, arrogância e boas atuações em um filme que, com certeza vale o preço do ingresso.

Nota: 9

Clique aqui e leia a crítica completa...

sexta-feira, 2 de maio de 2008

HOMEM DE FERRO

E está valendo! A temporada de Blockbusters tem início com o pé direito no ano de 2008. Depois de ter entregado grande parte das batalhas e surpresas em sua campanha, Homem de Ferro chega às telas cinematográficas trazendo muito mais do que um longa recheado de efeitos visuais e um roteiro infantil. O filme cativa e chama a atenção desde seu ótimo início com a música “Back in Black” do AC/DC até o término de seus créditos com “Iron Man” do Black Sabbath como tema de fundo.
Como era de se esperar, não é a melhor adaptação de um herói já feita para os cinemas. Mas está longe de ser a pior; pelo contrário, a película capta perfeitamente o universo de fantasias e impossibilidades de um ser que voa à base de uma armadura repleta de armamentos e tecnologias especiais.
O protagonista da fita é Tony Stark (Robert Downey Jr.), um rico e bem sucedido fabricante de armas americano. Stark leva a típica e polêmica vida de um verdadeiro playboy: tem uma mulher para cada dia da semana, está sempre aparecendo em capas de revistas e não se importa com mais nada a não ser ele mesmo.
Mas a biografia de sua vida começa a ser reescrita quando Tony é apanhado por um grupo de terroristas em uma visita ao Afeganistão. A fim de usá-lo para montagem de mísseis, a equipe - que se autodenomina “10 Anéis” - utilizou de armamento pesado em sua captura, fazendo com que Stark ficasse gravemente ferido. Agora, o rico e poderoso homem se mantém vivo graças a transistores e energia implantados em seu peito, meio que substituindo e aumentando a potência de seu coração.
Mantido em cativeiro por meses, o futuro herói começa a construir sua origem - literalmente. Em meio a muito ferro e ciências aplicadas, Tony visualiza um meio de escapar do lugar onde é mantido prisioneiro. É aí que sua primeira armadura, a Mark 1, ganha vida.
Após vários tiros, explosões e um desastroso vôo com uma péssima aterrissagem, Stark regressa aos Estados Unidos com novos ideais em mente. Fechar a fábrica foi uma das primeiras ações de sua nova vida. A segunda, era construir um novo e melhorado protótipo de sua vestimenta, nasce então, a Mark 2.
Isso seria apenas o ‘começo do resto da vida’ de Tony Stark. Pois o filme apresenta mais elementos do que se era esperado pelo público que acompanhou as divulgações de suas fotos e trailers. Créditos ao roteirista Arthur Marcum que soube como tratar a história da maneira como deveria, um gibi adaptado para as gigantescas telas de cinema.
Jon Favreau (Zathura - Uma Aventura Espacial) realmente soube o que fazer com um megafone na mão e uma cadeira de diretor para sentar-se. Alternando entre círculos de ação desenfreada e piadas aproveitadoras, o longa é guiado por uma mente que soube respeitar o universo característico de um super-herói e seus complicados processos de origem e conquistas.
O filme não é um gênero de comédia, mas não é por isso que não temos elementos característicos nas mais variadas cenas. Tony Stark solta piadas nos mais inesperados e inoportunos momentos. E o que poderia ser uma baixa para a nota final da fita, transforma-se em um de seus maiores acertos. Pois são raras as produções que conseguem desenvolver um trabalho realmente sério baseando-se em uma HQ; fracassos como “Elektra” e “Motoqueiro Fantasma” estão aí para mostrar a todos como um filme não deve ser produzido.
A presença de Robert Downey Jr. (Zodíaco) no papel principal foi indispensável para a realização de um excelente trabalho final. O ator esteve impecável em todos os 126 minutos de exibição do longa-metragem. Não há uma cena que não seja roubada pela sua dedicada e sensacional atuação. O astro soube interpretar as mais variadas faces de Tony Stark no longa: o grande empresário construtor de armas, o egocêntrico e metido playboy, o inteligente e respeitado cientista e o inexperiente e poderoso herói.
Também há de se destacar as atuações de Jeff Bridges (Alma de Herói) e Gwyneth Paltrow (Capitão Sky e o Mundo de Amanhã), respectivamente o vilão Monte de Ferro e o par romântico de Stark no filme. Mas seus desempenhos tornam-se secundários tendo Downey Jr. na mesma equipe.
Os efeitos especiais nem sempre cumprem o que deveriam. Em certos momentos, o CGI usado na construção do Homem de Ferro é facilmente notado pelo público pagante; deixando a impressão de que o herói está dentro de um vídeo-game com gráficos de última geração ao invés de uma verdadeira batalha no mundo real.
As cenas de vôo não deixam de ser bem finalizadas e lindas de se admirar. Mas há, em “Superman Returns”, exemplos mais sólidos de como um homem pode varar os céus sem parecer falso.
O longa é o pontapé inicial da Marvel como produtora de seus filmes. A maioral dos quadrinhos tem o seu próprio estúdio de agora em diante - obviamente, com o nome de “Marvel Studios”. O que, sem dúvida alguma, trará grandes e excelentes adaptações para os fãs do gênero.
Ou seja, “Homem de Ferro” certamente será o primeiro de muitos. Só nos resta torcer para que o nível das próximas películas seja, ao menos, mantido.

Nota: 8

Clique aqui e leia a crítica completa...

sábado, 26 de abril de 2008

SUPER-HERÓI: O FILME

Não pense que “Super-Herói: O Filme” é uma paródia diferenciada e interessante, pois está longe de ser. O único ponto que pode chamar a atenção no longa é o seu tema. Sim, nem mesmo as adaptações de quadrinhos escaparam de ganhar uma versão cômica.
Infelizmente, não é desta vez que sentiremos orgulho de termos permanecido noventa minutos assistindo a uma comédia do gênero específico. É claro que existem situações engraçadas onde é inevitável não deixar escapar ao menos um sorriso. Mas a falta de inteligência do script fala mais alto, fazendo da película mais um conjunto de situações desinteressantes que só servem para testar o potencial do público para reconhecer os filmes parodiados.
Noventa por cento da história principal - se é que há alguma - gira em torno do primeiro “Homem-Aranha”. Rick Riker (Drake Bell) é o Peter Parker da vez, um garoto simples e zoado pelos maiorais do colégio onde estuda. Mas tudo começa a mudar quando, numa visita a um centro de pesquisas, Rick é picado por uma libélula geneticamente modificada e ganha super poderes característicos.
Como toda narrativa do tipo, um vilão era mais do que obrigatório. Para isso, temos o Ampulheta. Um homem que, após experiências e uma história muito mal contada, depende de forças humanas para se manter vivo, então ele simplesmente as suga das pessoas.
Obviamente, todo esse roteiro é plano de fundo. Qualquer elemento torna-se uma mera desculpa para que cenas humorísticas e sem sentido sejam jogadas na tela. Ponto negativo para o diretor Craig Mazin (Todo Mundo em Pânico 4) que, após ter comandado vários filmes do gênero, já deveria saber que a premissa destas películas está desgastada e inovações são sempre bem vindas.
Drake Bell (Os Seus, os Meus e os Nossos) não se encaixa bem no papel principal. O ator se esforça para encenar uma versão caricata do escalador de paredes original, mas não chega nem perto do sucesso. Às vezes parece que a produção estava tão desesperada para encher o longa com os mais diversos tipos de piadas que passaram por cima de péssimas atuações e buracos no projeto.
Drake não passa de um espelho para o resto da equipe de atuação. Com exceção de Leslie Nielsen (Corra que a Polícia Vem Aí), o grupo parece simplesmente não fazer diferença alguma no projeto em si; deixando a sensação de que ninguém estava dando a mínima para o resultado final, apenas queriam terminar logo as filmagens para acrescentar mais uma sátira em suas filmografias.
Apesar de o arco principal ser focado em apenas um filme, temos outras citações no decorrer da fita. “Quarteto Fantástico” empresta Sue e Johnny Storm - respectivamente, Mulher-Invisível e Tocha-Humana. Há uma breve visita à mansão Xavier, onde sua versão afro-americana dá as caras ao lado de outros mutantes já conhecidos. E nem mesmo o excelente “Batman Begins” é deixado de lado, pois a infância de Rick é contada em cima da história do Homem Morcego.
Os efeitos visuais são sempre uma atração à parte nas adaptações. Infelizmente (ou não) “Super-Herói: O Filme” passa longe de ser um exemplo para os próximos filmes do gênero a serem produzidos. Todas as situações que normalmente exigem um computador e uma boa equipe realizadora são completamente superficiais, deixando o gosto de regressão em nossas bocas após o término da sessão cinematográfica.
A trilha sonora deveria ser um complemento ao projeto. Mas a mesma peca na sua concepção, deixando claro a ignorância de seus idealizadores.
Ou seja, há inúmeros motivos para que o longa seja deixado de lado. Afinal, se a película fosse mesmo um espetáculo, não iria inspirar-se e copiar filmes já consagrados da história do cinema.

Nota: 4

Clique aqui e leia a crítica completa...

sexta-feira, 28 de março de 2008

ANTES DE PARTIR

Contando com dois dos maiores astros de Hollywood, “Antes de Partir” alcança seu sucesso alternando entre doses moderadas de comédia e emoção. Sem nunca ter ganhado muito glamour e reconhecimento, o diretor Rob Reiner (A História de Nós Dois) investe forte na história de uma dupla de idosos que têm pouco tempo de vida.
O roteiro circula entre Jack Nicholson (Os Infiltrados) e Morgan Freeman (Batman Begins), respectivamente Edward Cole e Carter Chambers. Depois de um tempo trancados no mesmo quarto de hospital, os protagonistas recebem a notícia de que têm entre seis meses e um ano de vida. Ao invés de procurarem tratamento, os dois decidem partir em busca de aproveitamento.
Ao porte de uma lista e muito dinheiro proporcionado por Edward, o mundo torna-se um lugar sem limites para a diversão. Pular de pára-quedas, dirigir carros super velozes e fazer um safári pela África são apenas algumas metas a serem cumpridas.
Com o passar dos dias, a relação de amizade vai se interligando cada vez mais. Sentimentos que vão de amor a ódio em segundos são jogados na tela durante a exibição do espetáculo. Sentimentos que, sem dúvida, são muito bem interpretados e passados ao público pela dupla de atores principais da película.
Se de um lado temos toda a seriedade e ironia de Jack Nicholson, do outro temos o carisma e a compaixão de Morgan Freeman. Combinação que caiu como uma luva para o tema abordado pelo longa. O entrosamento é notável em todos os 97 minutos de duração da fita. É como se um desse apoio e sustentasse o outro em momentos de decadência na atuação do companheiro. Foi a junção básica de experiência e simplicidade proporcionados por dois dos maiores ícones do cinema americano que deu o complemento necessário para que o filme se tornasse apreciável e digno de uma boa nota em comentários e críticas cinematográficas.
Não há como dar destaque à apenas uma das estrelas, vide que o brilho das duas ofusca todo o resto da produção responsável pelo desenvolvimento e aprimoramento final da obra.
Não que o trabalho do diretor Rob Reiner tenha passado em branco, mas o script é quase que guiado automaticamente pela performance de seus astros. O que faz com que Reiner cumpra um papel secundário em seu próprio projeto. Nada de pontos positivos ou negativos, fica apenas a sensação de que o ‘comandante’ não estava presente.
Apesar de ousado, o roteiro aposta em cenas simples e óbvias - às vezes até clichês - para alcançar seu merecido sucesso.
Temos vários momentos em que o ritmo é determinado pela comédia, fazendo com que a mesma tome conta da tela. Mas são nas cenas em que a emoção fala mais alto que a história atinge seu ápice, deixando claro que uma lágrima derramada ao assistir um filme continua sendo uma boa maneira de levar o público aos cinemas.

Nota: 7

Clique aqui e leia a crítica completa...

quinta-feira, 6 de março de 2008

RAMBO IV

Mesmo não conseguindo manter o nível das películas anteriores, “Rambo VI” não é uma total perda de tempo. O longa serve, entre outras coisas, para apresentar o personagem à denominada “nova geração”. Grande destaque dos anos 80, a franquia cinematográfica moveu multidões aos cinemas, deixando o público pagante mais do que satisfeito. Tentando resgatar suas origens, o novo filme do veterano de guerra peca em determinadas situações, deixando a leve sensação de ser apenas mais uma atração recheada de mortes em todos os locais do cenário.
A história vai do simples ao óbvio em um piscar de olhos. Nos tempos modernos, John Rambo (Sylvester Stallone) é apenas um barqueiro que tem sua moradia em uma pequena vila na Tailândia. Mais frio do que nunca, o ex-guerrilheiro limita-se a comentar apenas o necessário, dando claros sinais de que já não se importa mais com a situação atual de nosso planeta.
Sua vida caminha, cada vez mais, em um ritmo pacato e freneticamente desacelerado. Mas isso tende a mudar, pois um grupo de missionários necessita de seus conhecimentos do local para levarem medicamentos ao país chamado Birmânia. É evidente que essa não será apenas mais uma viagem descompromissada pelas águas tailandesas. É aí que temos o reinício da saga de nosso herói de guerra.
O grande destaque da película fica, sem dúvida nenhuma, para Sylvester Stallone. O astro pintou como diretor, ator e produtor em seu novo projeto mostrando que mesmo aos sessenta anos de idade, o protagonista se mantém em plena forma física e mental. Certamente não é nada fácil carregar um projeto com um patamar tão alto como é o da franquia Rambo.
Mesmo que tenha deixado a peteca cair em determinadas situações de sua atuação, o eterno Rocky Balboa sai com pontos positivos da produção e prova que uma pessoa pode e tem a capacidade de ir longe quando realmente quer que um ideal seja passado às telas cinematográficas.
Mas nem tudo são flores na ressurreição de John. Grandes falhas no roteiro deixam o desfecho final mais do que previsível. Momentos chave se tornam apenas mais uma desculpa para que tiros e corpos sejam jogados na tela, uma leve tentativa de encobrir as falhas da narrativa principal. Movimentos de apelação bem criados pela produção, mas que, infelizmente, não servem como um meio de fuga.
Baseando-se em sua própria política de desenvolvimento e evolução de script, o longa serve apenas como divertimento passageiro para os admiradores das mais variadas formas de morte e destruição.
O trabalho final deve agradar aos que se consideram verdadeiros amantes da sétima arte. Mas certamente, esperava-se bem mais de uma franquia que se auto-revoluciona depois de vinte anos na espera por uma seqüência.

Nota: 6

Clique aqui e leia a crítica completa...

sábado, 23 de fevereiro de 2008

CLOVERFIELD - MONSTRO

Em primeiro lugar, tenha em mente que “Cloverfield - Monstro” não é a produção do ano, nem sequer é a do mês. O longa não passa de uma caracterização de um monstro destruindo uma grande metrópole. Temos um roteiro que vai do nada a lugar algum, um elenco do qual nunca se ouviu falar e um diretor que jamais dirigiu algo de grande reconhecimento. Além de um desfile incontrolável de clichês, temos um espetáculo que nos diverte, acima de tudo, e consegue transparecer sobre os problemas já citados.
Tudo começa na festa de despedida de Rob, que, após uma promoção, está de partida para o Japão. Seu melhor amigo Hud, decide fazer uma espécie de documentário para que seu companheiro leve consigo em sua viagem à Terra do Sol Nascente. Em meio a muita bebida e conversas dos mais variados assuntos, uma explosão a alguns metros do local abala a despedida.
No começo, poucos sabem o que atingiu a cidade. A única certeza é que o lugar precisa ser evacuado o mais rápido possível. Começa então, uma fuga nada fácil pela sobrevivência.
Horas mais tarde, relatos de que uma criatura estaria devastando o local são confirmados.
O tormento piora a cada minuto, pois Beth - caso amoroso de Rob na trama - está presa em seu apartamento, depois da quase queda do mesmo. Não é preciso pensar muito para adivinhar que o rapaz irá ingressar em uma busca desesperada por sua amada, enquanto Nova York toda é demolida ao seu redor.
Como pôde ser visto, a história em si não chama a atenção de forma alguma. O grande destaque fica para os ângulos que nos são proporcionados graças à opção do diretor Matt Reeves em fazer uma película filmada apenas com câmeras caseiras. Somos praticamente transportados ao caos que toma a cidade, chegando a ficar enjoados em determinadas situações transmitidas pelos atores.
Atores, como já mencionados acima, totalmente desconhecidos. É impossível fazer uma análise completa de suas atuações, pois o elenco teve de representar pessoas normais em uma película em que seus rostos e expressões quase não são visualizados.
O monstro fica para segundo plano. A entonação principal é dada à aventura vivida por Rob e seus companheiros em busca de um local onde possam se ver livres da criatura.
Apesar do baixo nível econômico do longa - algo em torno de trinta mil dólares - os efeitos especiais não deixam a desejar. Temos várias tomadas de edifícios vindo abaixo, carros explodindo, e uma cena com um apelo visual incrível da cabeça da Estátua da Liberdade sendo arremessada ao ar como se fosse uma simples bola de papel. Como se esse material já não fosse o suficiente, temos uma visão aérea de um dos momentos cruciais do filme, quando a criatura é atacada por mísseis do exército americano, na tentativa de derrubá-la.
Não há muito o que se destacar no quesito “fotografia”, pois não se pode esperar algo excepcional quando uma produção realiza todo o seu trabalho usando câmeras caseiras e de baixa qualidade para a geração cinematográfica atual.
Mas é essa a diversão de “Cloverfield - Monstro”, ser um filme sem referências ou preocupações. Não se pode exigir nada a mais do que isso, pois o resultado seria decepcionante. Assista-o com base nessas informações e poderá apreciar um bom espetáculo.

Nota: 7

Clique aqui e leia a crítica completa...